quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Um ronco amigo

Vinte e nove de dezembro 2002. Eu, Alexandre, Natália e Lorena partimos de Brasília com destino a cidade de Florianópolis, para passarmos o reveillon na casa do irmão do Alexandre, o Sidney. Na viagem, passamos por Atibaia - SP, para pegarmos meu irmão Alexandre (Xandy), que estava a passeio, já ele morava em Luis Alves - SC, uma pequenina cidade famosa por ser a Terra da Cachaça e belíssimas mulheres. Encontramos o Xandy deitado, tomando um solzinho na piscina, pra chegar "morenão" em floripa e dar altas encaradas. No dia seguinte, o Xandy veio me pedir para levá-lo a sua cidade - Luiz Alves - me explicando que naquela tentativa de chegar "morenão" em floripa, acabou dormindo ao sol sem protetor e pegou uma bela de uma insolação. Bicho burro!

Bem, como tive que levar meu irmão para Luiz Alves, me perguntei: - Por que ir até a terra da cachaça e não levar uma pequena amostra grátis pra galera, não é mesmo? Comprei 20 litros!

Estávamos numa galera grande, umas 15 pessoas. Nossa intenção era passar a virada do ano na Praia do Rosa, em Garopaba. Chegamos meio tarde, portanto não conseguimos lugar pra ficarmos hospedados, apenas a Nádia e as irmãs tinham conseguido um chalezinho. Pedimos pro dono da pousada deixar que guardássemos os carros no estacionamento. Antes de irmos pra praia, tomamos 1 litro de whisky e mais 10 litros de cachaça virando a dose (todos, sem exceção) e fomos pra lá...

Meia noite, fogos de artifício, todos se abraçando, feliz ano novo pra cá, feliz ano novo pra lá. Encuquei que tinha que pular as sete ondas pra dar sorte no ano que entrava. Um desastre! As cachaças de Luiz Alves deveriam ter algo no rótulo dessa forma: "Ao ingerir, não tente pular as sete ondas!" Sério, uma vergonha. A primeira eu consegui pular. A segunda eu perdi minha havaiana direita, na quarta, a esquerda. Na sexta, tomei o primeiro tombo. Me lembro que lá pela décima oitava eu ainda gritava por socorro! Minha sorte foi que eu olhei pro lado e vi uma pessoa em pé, com a água pelo joelho e, por um lapso de lucidez, percebi que onde eu estava, não corria nenhum risco de me afogar. Recompus-me psicologicamente e voltei a areia pra ver a galera, encharcado.

Quem foi que disse que eu consegui encontrar alguém? Pois é, estava eu, bêbado, encharcado e agora perdido no meio de algumas dezenas de milhares de pessoas. Resolvi tentar voltar pra pousada, ou melhor, pro estacionamento da pousada. Tentei um caminho, nada, dava no mato. Voltei, tentei outro, nada. Eu realmente não me lembrava onde tava a ruazinha por onde cheguei. Vi um pessoal seguindo uma trilha e fui atrás. Andei uns 500 metros e me deparei com uma cerca de arame farpado. Tentei voltar por onde eu vim, mas tinham mais cercas que para mim não existiam antes. Me senti como um boi, num pasto, cercado de arame farpado por todos os lados. Nessa altura do campeonato eu já não agüentava mais nem andar. Estava cansado, bêbado, molhado, perdido, sozinho (pois até aquela galera que eu segui tinha desaparecido) e no escuro! Decidi deitar no mato mesmo e descansar um pouco.

Depois de um certo tempo (não sei quanto, para mim foram horas), escutei um barulho. Vi um pessoal perdido também, mas que conseguiu achar um lugar pra sair. Não tive dúvidas, corri atrás, mas como eu ainda não estava são, errei o lugar e me cortei inteiro, mas tudo bem, dessa vez, pelo menos eu tinha parado numa estradinha. Pedi informação e meu anjo da guarda (que acredito piamente que foi enviado por São Onofre - padroeiro e protetor dos bêbados e das prostitutas.) me ajudou a chegar na pousada, digo, no estaciomento.

Quando eu coloquei a mão no bolso procurando a chave do carro, adivinhem: -cadê chave? Fiquei rezando pra que a porta estivesse aberta. Para o meu alívio estava. Deixei a porta aberta pra poder respirar, já que eu tava sem a chave e não podia abrir a janela. Adormeci como um anjinho...

Lá pelas tantas, escuto... ROOOOOOONC... ROOOOOOONC... acordei assustado! Olho para o lado e um maluco, q eu nunca tinha visto na minha vida, tava deitado no banco do lado do meu carro puxando o maior ronco. Olhei bem para a cara dele, nunca vi mais gordo! O que nos separávamos era uma baita de uma prancha de surf que eu também não tinha e menor idéia de quem podia ser. Por um momento achei que eu tava no carro errado, mas reparei em tudo, saí do carro, olhei a placa e não, não estava enganado, o carro era meu mesmo. Pensei em fazer alguma coisa, mas eu tava ruim ainda. Escutei mais um ROOOOOOONC e pensei... dorme filho... você também está precisando!

Acordei algumas horas depois e descobri que ele era amigo da galera, que também não tinha conseguido nenhum lugar pra se hospedar... que susto!

Ah propósito, a prancha não era dele, era do Felipera, tinha vindo no outro carro.

0 comentários:

Postar um comentário