quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Ai meu Pai! E agora?

Sou uma figura noturna. Praticamente um Conde Drácula do mundo moderno. Prefiro trabalhar durante a noite e dormir durante o dia. Acho que o trabalho rende mais. Telefone não toca, tem menos pessoas online no meu msn, esses "detalhes" que fazem com que minha atenção se disperse menos e então, eu consiga trabalhar um pouquinho. Não muito também, porque descobri que eu vim no mundo a passeio e quem trabalha demais não tem tempo pra ganhar dinheiro.

Enfim. Eu trabalhava no sexto andar de um edifício chamado Central Park, em Brasília. Geralmente eu ficava as madrugadas lá mesmo. Descia, tomava um cafezinho com os porteiros, voltava a trabalhar, e assim a madrugada se estendia.

Num certo dia, lá pelas 3h30 da manhã, me deu uma baita de uma dor de barriga. Como eu não consigo, de jeito nenhum, fazer o número dois fora de casa, e também já estava bem tardinho, decidi correr pro meu apartamento.

Fechei o escritório, entrei no elevador, apertei o segundo subsolo pra ir pra garagem buscar meu carro. A primeira balançada do elevador me deu "revertério" na barriga, e eu, pra amenizar um pouco meu problema, resolvi soltar aquele famoso "peido guenta aí", que dá uma leve melhorada no quadro por algum tempo.

É engraçado como o ser humano gosta do cheiro do próprio peido né? Tipo, a gente sabe que ta fedido, mas quanto pior o cheiro, maior o sorriso que abrimos, né não? Então, foi desse jeito mesmo que aconteceu, abri um puta sorriso, até que...

Lá pelo terceiro andar o elevador parou. Já achei estranho. Esperei. A porta se abriu. Gelei. Não, aquilo não podia estar acontecendo. Simplesmente entraram 10 pessoas no elevador, e eu estava lá sozinho com um puta cheiro de peido! Fiquei em estado de choque! Pensei comigo: Ai meu Pai! E agora???

Agora vai se azarado lá ponte que partiu. Três e meia da manhã, dez pessoas ainda trabalhando e saem na mesma hora que eu! (detalhe, a capacidade do elevador era pra 12 pessoas, ou seja, lotou ainda por cima!) O prédio ainda tinha 4 elevadores, por que escolheram justo aquele???

Eu suava frio. Um suor de uma gota só de tão nervoso que eu estava. A gota descia e subia pelas minhas costas enquanto minha cara parecia a paleta de cores do Photoshop. Eu nem piscava. Só barulho daquelas pessoas fungando e emitindo sons do tipo "humm" me torturava. Mas eu não podia fazer nada!

Foram os três andares de elevador mais demorados da minha vida. A porta abriu no térreo, mas desde o primeiro andar a galera já estava amontoada na porta desesperada pra sair. Quando abriu, parecia uma cavalaria. Teve uma guria que prendeu a respiração pra não cheirar e quase morreu por asfixia. Tiveram que ajuda-la, tadinha. Eu continuei dentro do elevador. Nem piscava. Virei meio Dalai Lama na hora. Meditei, consegui pela primeira e única vez na minha vida não pensar em nada e olhar para o tudo e o nada ao mesmo tempo.

A porta se fechou. Eu tava tão nervoso que não conseguia pensar em nada. Apenas saí, entrei no carro e fui embora pra casa. A dor de barriga foi até embora. Nunca fiquei tão sem graça em toda minha vida e nunca mais andei de elevador com dor de barriga.

Ai meu Pai... Ai meu Pai...

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