Enfim. Eu trabalhava no sexto andar de um edifício chamado Central Park, em Brasília. Geralmente eu ficava as madrugadas lá mesmo. Descia, tomava um cafezinho com os porteiros, voltava a trabalhar, e assim a madrugada se estendia.
Num certo dia, lá pelas 3h30 da manhã, me deu uma baita de uma dor de barriga. Como eu não consigo, de jeito nenhum, fazer o número dois fora de casa, e também já estava bem tardinho, decidi correr pro meu apartamento.
Fechei o escritório, entrei no elevador, apertei o segundo subsolo pra ir pra garagem buscar meu carro. A primeira balançada do elevador me deu "revertério" na barriga, e eu, pra amenizar um pouco meu problema, resolvi soltar aquele famoso "peido guenta aí", que dá uma leve melhorada no quadro por algum tempo.
É engraçado como o ser humano gosta do cheiro do próprio peido né? Tipo, a gente sabe que ta fedido, mas quanto pior o cheiro, maior o sorriso que abrimos, né não? Então, foi desse jeito mesmo que aconteceu, abri um puta sorriso, até que...
Lá pelo terceiro andar o elevador parou. Já achei estranho. Esperei. A porta se abriu. Gelei. Não, aquilo não podia estar acontecendo. Simplesmente entraram 10 pessoas no elevador, e eu estava lá sozinho com um puta cheiro de peido! Fiquei em estado de choque! Pensei comigo: Ai meu Pai! E agora???
Agora vai se azarado lá ponte que partiu. Três e meia da manhã, dez pessoas ainda trabalhando e saem na mesma hora que eu! (detalhe, a capacidade do elevador era pra 12 pessoas, ou seja, lotou ainda por cima!) O prédio ainda tinha 4 elevadores, por que escolheram justo aquele???
Eu suava frio. Um suor de uma gota só de tão nervoso que eu estava. A gota descia e subia pelas minhas costas enquanto minha cara parecia a paleta de cores do Photoshop. Eu nem piscava. Só barulho daquelas pessoas fungando e emitindo sons do tipo "humm" me torturava. Mas eu não podia fazer nada!
Foram os três andares de elevador mais demorados da minha vida. A porta abriu no térreo, mas desde o primeiro andar a galera já estava amontoada na porta desesperada pra sair. Quando abriu, parecia uma cavalaria. Teve uma guria que prendeu a respiração pra não cheirar e quase morreu por asfixia. Tiveram que ajuda-la, tadinha. Eu continuei dentro do elevador. Nem piscava. Virei meio Dalai Lama na hora. Meditei, consegui pela primeira e única vez na minha vida não pensar em nada e olhar para o tudo e o nada ao mesmo tempo.
A porta se fechou. Eu tava tão nervoso que não conseguia pensar em nada. Apenas saí, entrei no carro e fui embora pra casa. A dor de barriga foi até embora. Nunca fiquei tão sem graça em toda minha vida e nunca mais andei de elevador com dor de barriga.
Ai meu Pai... Ai meu Pai...
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