quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Alô, telefonista!

Quem nunca quis se passar por outra pessoa no telefone? Eu sempre tive essa vontade, mas sou obrigado a admitir que minha primeira - e última - experiência, não foi lá muito interessante. A história foi a seguinte.

Há algumas semanas atrás, eu e o Marcelo fomos até São Paulo, para participar da FISPAL, que é uma feira tradicional de tecnologia industrial que acontece anualmente no Anhembi. Assim que chegamos na maior metrópole brasileira, paramos num posto de gasolina para abastecer. Nesse posto, eu preenchi, no nome do Marcelo, um cupom que concorria a um final de semana em um hotel fazenda e um terreno lá mesmo na terra da garoa.

Bem, dias depois, já estávamos de volta a Santa Catarina e adivinhem? Sim, quem pensou na possibilidade do Marcelo ter sido vencedor de tal concurso, acertou! Ele não acreditou muito quando recebeu a ligação, e como ele estava de saída e eu tinha preenchido todo o cupom, respondido as perguntas, etc, pediu que eu atendesse a ligação e visse tudo direitinho. Até aí, tudo normal. Minha conversa com a mulher do telefonema foi mais ou menos assim:

Eu: - Alô.
Ela: - Senhor Marcelo?
Eu: - Sim. (Tava realizando um sonho antigo de me passar por outra pessoa no telefone)
Ela: - O senhor foi o vencedor do nosso concurso, acabou de ganhar um lote totalmente quitado aqui em São Paulo. Gostaria de confirmar alguns dados, para que pudéssemos enviar ao senhor, um dvd com a apresentação e uma cópia do contrato para os procedimentos que o senhor deve tomar para a efetiva aquisição do imóvel.
Eu: - Ah, legal. Pois não, o que a senhora precisa?
Ela: - Nome completo, por favor.
Eu: - Marcelo Luiz Machado Val
Ela: - O senhor é casado Sr. Marcelo?
Eu: - Sim, sou casado.
Ela: - A rua e o bairro bateram com o cep, só confirma pra mim a cidade e estado, Luis Alves, Santa Catarina, procede?
Eu: - Sim, está correto.
Ela: - O senhor poderia me dizer a data de seu nascimento?
Eu: - Xi, lascou!
Ela: - Como?
Eu: - Só um minutinho minha filha.

Nessa hora bateu o desespero! E eu lá sabia a data de nascimento do Marcelo! Com a mulher ainda na linha perguntei em voz alta para a Julia, que é secretária do Má, de forma que certamente a moça do telefone ouviria.

- Julia, qual é mesmo a data do meu aniversário?

A Julia não conseguia responder, ria que se pipocava e a moça do outro lado da linha não entendia nada (ou pelo menos fingia não entender). No meio daquelas risadas e nervosismo fizemos umas continhas e chutamos uma data lá. Eu confesso que perdi o rebolado, não queria continuar a conversar, mas não achava uma saída! Continuei.

Eu: - Mais alguma coisa?
Ela: - Sim, poderia me dizer seu RG?
Eu: - RG?
Ela: - Sim, o RG.

Enquanto isso eu olhava com desespero pra Julia.

Eu: - A senhora quer meu RG então.
Ela: - Sim, preciso pra completar seus dados.
Eu: - O RG?
Ela: - Sim, Registro Geral.
Eu: - Ahhh, a senhora quer meu registro geral.
Ela: - Foi o que eu disse.
Eu: - Só um momento.

Abafei o telefone e pensei. Agora fudeu! Respirei fundo, contei até dez e disse:

Eu: - Moça, seguinte, to saindo pra uma reunião agora então vou passar o telefone pra minha secretária e ela te passa essas últimas informações tá?

A Julia, que é filha de japonês, arregalou os olhos e fez aquela cara de "Eu te mato" pra mim!

Pegou o telefone. Começou a falar com a atendente. Era eu quem ria de me acabar agora. Mas a Julia não deixou barato não. Depois de te-la enrolado um pouco, eu só a ouvi dizendo algo do tipo:

- Mocinha, faz o seguinte. Liga daqui uma meia hora que o Sr. Marcelo já estará tranquilo, pois acredito que a reunião esteja terminando, já que acabei de ouvir o barulho da descarga.

E desligou o telefone. Eu fiquei pasmo! Olhei pra Julia e disse.

- Como você fala uma coisa dessas? Não tem ninguém no banheiro!

E ela, sabiamente, respondeu:

- Eu sei. Mas já que foi você que fez a merda, agora se vira!

Fiquei, quase que literalmente, com cara de bunda!

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