quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Foi a porra da coca-cola!

Vou narrar aqui a minha primeira viagem de avião. Uma experiência realmente inesquecível. Eu dividia apartamento com o Eduardo, um grande amigo, e ganhamos duas passagens aéreas pra qualquer lugar do Brasil. Depois de avaliarmos várias hipóteses e destinos diferentes, decidimos então ir para Aracajú, já que a Carol (hoje esposa do Du, na época, namorada) morava lá com mais quatro amigas! Achei fantástica a idéia.

Coloquei meu melhor terno pra ir pra lá e impressionar as gurias (olha que idéia de girico, nordeste faz um calor da porra e eu sofrendo no terno só pra causar uma boa impressão). No aeroporto de Brasília, tomei uma coca-cola pra acalmar. Entrei no avião, confesso que eu fiquei meio decepcionado, porque aquilo parecia com um "busão", só que era ainda mais barulhento, e eu imaginava aquela coisa clean... bancos brancos... lap top na frente... champanhe... etc, mas tudo bem, sentei na janela pra ver se pelo menos dava pra ver algo de interessante naquilo. Tudo pronto pra decolagem, o Eduardo diz que ficou olhando pra mim quando o avião levantou vôo e eu estava com uma cara de horror, acho que é mentira dele.

Uns 20 minutos de vôo, eu tenso, fingindo agir tranqüilamente, até que a aeromoça pergunta: "-Carne ou frango senhor?" Eu respondi: "-Whisky pelo amor de Deus!" Ela riu e trouxe uma senhora dose pra eu beber. Mais uma. Outra por favor. Três doses. O desgramado do Eduardo ficava rindo e só depois veio me dizer, que por causa da pressão, uma dose valia por duas! Me lasquei, seis doses até chegar em Salvador. Cheguei legal, tranqüilo. Paguei só um miquinho básico quando eu diagnostiquei o sistema de freios do avião e comecei a gritar apontando pra fora: "-Olha Eduardo, que shooooooowwww... olha, olha, olha, freia mesmo!" Todos olharam pra mim, menos o Eduardo, que não sei porque, estava agachado, talvez procurando alguma coisa, não sei. Um avião que vinha de São Paulo faria conexão com o nosso, mas estava atrasado. Isso era por volta das 19 horas. Até que veio a notícia: Devido a falha na outra aeronave, a Saída de Salvador está prevista para as 23 h!

Bem, pensamos... vamos tomar uma aqui no aeroporto mesmo! O Chopp era um real! A VASP deu R$ 11,40 centavos para jantarmos (eu não entendi o porquê desses 40 centavos até hoje, mas tudo bem). Bem, só ali davam 11 chopps... a conta deu R$ 48 reais, imaginem! Nessa altura, o cara que veio do nosso lado no avião, já tinha entrado na cerveja também e estávamos os três bêbados! O coitado era casado e não podia chegar em casa com bafo de cachaça, ele comprou uns 20 chicletes e colocou pelo menos metade na boca. Fomos pro avião, nosso destino era Aracajú.

A maior zona por causa do atraso, gente brigando, e nós três bêbados dentro do avião tocando o terror: a gente gritava igual camelô... 8 pilhas um real, cigarro, sorvete de flocos, despertador, capinhas pra celular... e assim foi até que os comissários de bordo, que já estavam putos conosco, com o intuito de calar nossa boca, vieram perguntar: "-Vocês aceitam mais um whisky?" Agora lascou!

Todo mundo sentou, menos um passageiro. Isso mesmo, venderam passagens a mais e um maluco não tinha lugar pra sentar. O piloto veio falar que ele iria na cabine, essas coisas... e nós três, bêbados, crentes que estávamos falando baixinho, (mas sabe como bêbado é), começamos a gritar: "- Eita porra, olha lá, (irc) promoção da VASP, (irc) piloto por um dia!"... e o outro já emendava: "-Vai passar a marcha pro piloto néééééé". Cena patética, nessa altura, a galera que estava na frente do avião, já ficava debruçada olhando pra gente lá traz, esperando a próxima merda. Na mesma onda de falarmos "baixinho", combinamos entres nós três, e "apenas" entre nós três, que quando o avião levantasse vôo novamente, iríamos bater palmas e gritar "êêêêê". Eu não sei não, mas acho que algum garotinho sem graça e fofoqueiro ouviu o nosso plano e, sem que percebêssemos, contou pra todos os passageiros, pois na hora de decolar, aquelas cento e tantas pessoas, começaram a bater palma e a gritar: "êêêêêêêêêêêêêêê".

Mais duas doses até Sergipe. Comecei a soluçar sem parar, todos riam da minha cara, mas eu não podia fazer nada, era mais forte que eu. Pousamos em Aracajú, eu estava apenas com a bagagem de mão, bêbado e soluçando compulsivamente na fila a espera do desembarque. Eu mirava (ou tentava mirar) meus ombros nas poltronas, pois dessa forma, mesmo que o avião começasse a dar cavalos-de-pau (sensação típica no estado de embriagues), eu conseguiria me equilibrar e não cair em cima de ninguém, mas confesso que não adiantou, saí tropeçando e dando porrada com minha mala em uma galera... eu só escutava assim: "aiii... paraaaa... ooowww... uuuiiii"...

Por causa do atraso, eles avisaram que iriam desligar apenas uma turbina do avião pra poderem sair mais rápido. Eu desci, e vi todos colocando suas malas no ouvido, correndo. Fiquei sem entender o porquê daquilo, e para não continuar sem saber de nada, resolvi parar pra perguntar. Parei. Mas bêbado o suficiente pra não perceber que eu estava em frente a turbina ligada. Comecei a gritar:

"- Eduardooooo, (irc) ow Eduardoooooooooooo!" Ele já estava bem adiante, olhou pra traz com aquela mala no ouvido e disse: "-O que foi agora porra?" Perguntei: "- Por que tá todo mundo (irc) com a mala no ouvido?" Ele respondeu com um certo desespero e falta de paciência ao mesmo tempo: "- Olha a turbina seu maluco!!!" (aí q eu me dei conta e saí correndo). Com o susto da turbina, ao invés do soluço parar, fez foi aumentar.

Não faço a menor idéia de como seja o aeroporto de Aracajú. Fui direto ao banheiro, passando mal, onde eu encontrei novamente o Eduardo. Ele ficou ainda mais puto quando viu que meu soluço tinha piorado e gritou comigo: - Puta que pariu, como foi que você conseguiu essa merda de soluço? Eu lembro apenas de responder: -Foi a porra da coca-cola!

Agora, sabe o que me deixou mais puto? Adiantou a bosta do terno e gravata?

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